Documentos oficiais da coordenadoria de contratos da Prefeitura de Cuiabá mostram que o "alto clero" dos vereadores aliados ao ex-prefeito Mauro Mendes detinham valores que superavam os R$ 100 mil mensais em indicações de contratações e cargos comissionados.
Nas listas de indicações do ex-presidente da Câmara, vereador Júlio Pinheiro, já falecido, e do ex-vereador Leonardo de Oliveira, que atuava como líder do prefeito Mauro na Câmara, aparece a surpreendente revelação de que os vereadores realizavam indicações até para cargos oriundos de processo seletivo realizado pela Prefeitura.
Leonardo também ocupou a função de secretário adjunto de Esportes na atual gestão do governador Mauro Mendes (DEM).
Na lista atribuída a Julio Pinheiro aparecem 62 indicações, sendo 38 contratos temporários - 12 na Secretaria de Assistência Social e Desenvolvimento Humano (SMASDH) e 26 na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) -, 13 indicados em cargos comissionados (DAS), quatro servidores em cessão e seis contratados via processo seletivo.
Mensalmente, os cargos de Julio Pinheiro somavam cerca de R$ 140 mil.
Os documentos ainda revelam que cada vereador dispunha de uma cota mensal de R$ 25 mil em cargos. Mas, ao que tudo indica, o "alto clero" de Mauro na Câmara detinha muito mais benefícios.
Já Leonardo Oliveira, ex-líder do prefeito Mauro na Câmara por três anos, a lista atribuída a ele aparece com 29 contratações que somam mais de R$ 62 mil mensais. Catorze deles eram frutos de contratos temporários realizados pela SMASDH e SMS, onze comissionados (DAS) e três oriundos de processo seletivo da Secretaria Municipal de Assistência Social.
Em outro lista, Leonardo de Oliveira ainda aparece como tendo indicado oito pessoas para um processo seletivo realizado pelo Hospital São Benedito.
No mesmo processo, ainda há escritos a mão atribuindo ao vereador indicados oriundos de processo seletivo. Algumas inscrições dos contratados no processo seletivo, inclusive, foram anexadas junto à lista.
O Isso É Notícia checou os nomes que aparecem na relação de indicados dos vereadores e confirmou que, de fato, eles foram contratados por processo seletivo simplificado realizado pela Prefeitura entre os anos de 2013 e 2016.
O ex-vereador Leonardo de Oliveira negou que tenha feito indicações para aprovados em processo seletivo. Ele argumentou que tinha poucas indicações na Prefeitura e que seu trabalho com líder do prefeito era apenas articular a aprovação de matérias de interesse do Executivo na Câmara.
O ex-vereador Júlio Pinheiro já faleceu, por isso não foi ouvido pela reportagem.
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